D. João V
Para mim, D. João V é uma personagem com bastante poder, poder esse com o qual pode fazer o que quiser com quem quiser, dai a exploração das minas de ouro em que o povo é alvo de escravatura. Devido ao longo periodo de tempo em que reinou, conseguiu realizar grandes obras tanto no campo da arte, como no da literatura e da ciência, tendo ficado conhecido por “o Magnânimo”. Na cultura ficou conhecido pela construção Real Academia Portuguesa de História e a introdução da ópera italiana. Na minha opinião, D. João V exagera muito quando manda fazer o Palácio-Convento de Mafra em agradecimento pelo nascimento do primeiro filho, não me impedindo isso de dizer que é um dos melhores monumentos de Portugal devido a todos os pormenores utilizados na sua construção.
Povo
A meu ver, o Povo é uma personagem que é constantemente mal tratada durante todo o extenso periodo de construção do Palácio-Convento de Mafra, tendo sido o maior desafio o de carregar a pedra especial que iria estar na varanda sobre o pórtico da Igreja. Este esforço por parte do povo é demonstrado pelas seguintes expressões: “(...)melhor é julgarmos(...)com todos estes homens que se estão levantando noite ainda e vão partir para Pêro Pinheiro, eles e os quatrocentos bois, e mais de vinte carros que levam os petrechos para a condução(...)” ; “(...)era preciso ir a Pêro Pinheiro buscar uma pedra muito grande que lá estava(...)”.
Penso que seja devido a este constante tipo de tratamento a que o Povo estava sujeito que fez com que esta personagem tivesse uma enorme ambição sanguinária pelas touradas e pelos Autos-de-Fé, sendo o último o que era mais desejável mas que era realizado uma ou duas vezes no espaço de dois anos.
Povo
Na minha opinião, a abordagem evidencia de forma critica uma classe social desprotegida e sofredora à mercê dos caprichos do clero e da realeza empenhados em manter o poder sobre o Povo. O autor deixa expresso duas questões fundamentais que se prendem com o quotidiano de uma classe inculta reprimida e explorada.
Na obra, o povo atravessa toda a narrativa, na construção do Convento de Mafra que leva ao limite a sua força física e mental e aproveita, juntamente com outras personagens, para participar em festas de romaria, touradas e Autos-de-fé (a qual, na história, acontece pela primeira vez em dois anos). Saramago retrata -nos o vibrar popular com a tortura humana. O desfile e o apupar dos acusados; ou a sua morte atroz na fogueira. Por outro lado, o mesmo povo também se realiza e exulta com a tortura e morte do animal, no caso as touradas, espectáculo milenar no Mediterrâneo, onde a frustração e o triste fado de uma vida fazem a purificação e se sublimam na festa.
O Povo aproveita para se divertir com a miséria e o sofrimento de si próprio e, deste modo deixa livre o campo de acção das classes dominantes. O narrador quando fala dessas festas manifesta a dúvida se o Povo gostava mais de touradas ou de Autos-de-fé, chegando à conclusão que ao ter uma ambição sanguinária preferiam os Auto-de-fé na procura de emoções fortes.
O Povo, por outro lado, no Memorial do Convento, tentava igualmente actos heróicos para o benefício de todos. Contudo o narrador aproveita esta situação para comparar o tipo de heróis.
D. João V representa o poder e a riqueza, devido aos seus grandes feitos na área da arte, da literatura e da ciência, e conhecido por “o Magnânimo”.
Saramago explora a situação de D. João V e de D. Maria Ana de Áustria não poderem ter filhos para descrever os acontecimentos da “aventura”, para mostrar o querer e o poder, indiferentes ao sofrimento e necessidades da classe mais desfavorecida. Penso que se trata de uma atitude caprichosa, precipitada e exagerada.
Na minha opinião José Saramago retrata bem a situação no seu livro, mostrando a dedicação que o rei teve para conseguir ter um filho levando à construção do Convento de Mafra. D.João V e D.Maria para mim são representantes do poder, da ordem e da repressão absolutista.
Tiago & João
Padre Bartolomeu
O Padre Bartolomeu Lourenço de Gusmão também é uma das personagens marcantes, conhecido como inventor, e que conseguiu criar algo que muitos achavam impossível, a passarola. Esta personagem exemplifica o talento e a riqueza cultural de muitos portugueses ligados à Igreja, mas perseguidos pela Inquisição. Saramago pretende mostrar-nos o poder infinito que a Inquisição tinha sobre um país inteiro, incluindo as classes sociais mais ricas no controlo dos livros que as pessoas consultavam, sendo muitas vezes obrigadas a fugir para outros lugares. Como exemplo aparece-nos esta personagem, o Padre Bartolomeu de Gusmão que foi obrigado a interromper o seu curso Universitário em Coimbra com receio de ser condenado à morte, pela sua capacidade de invenção.
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