quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Convento de Mafra (tema central)

Mafra, povoação antiquíssima, tomada por D. Afonso Henriques aos mouros em 1146, teve foral de vila em 1189, concedido pelo Bispo de Silves e novo foral em 1513, este concedido por D. Manuel I.

Foi nesta vila que D. João V mandou erguer um dos mais belos e gigantescos monumentos de Portugal e da Europa, conhecido como CONVENTO DE MAFRA. Reza a tradição e confirma-a Frei António de São José do Prado, mestre de cerimónias na Sagração da Basílica, que a origem da construção do Monumento de Mafra, se prende com o cumprimento de um voto que o rei D. João V teria feito a Deus no intuito de obter sucessão, o que, na realidade, aconteceu.

Em 17 Novembro de 1717 procedeu-se, então, com grande aparato real e religioso, ao lançamento da 1ª pedra do monumento. A Sagração do Templo a Nossa Senhora e Stº António foi celebrada a 22 Outubro de 1730, dia do aniversário de D. João V, mas estando concluída, apenas, a Basílica. Nessa comemoração, que durou 8 dias, tocaram os 6 órgãos da Basílica e os sinos dos carrilhões. A conclusão da construção do Monumento só aconteceu catorze anos mais tarde, em 1744.

O Monumento de Mafra, onde chegaram a trabalhar 45 000 operários e 7 500 soldados, é constituído pela Basílica, de estilo Barroco Romano, o Convento e o Palácio, ocupando uma área total de 40 000 m2.

Convento, destinado inicialmente a 13 frades franciscanos, sofreu sucessivas alterações no projecto, tendo chegado a albergar 342 religiosos. A Basílica, Torres, Torreões e a fachada principal do Monumento foram inteiramente construídos com mármores da região de Pêro Pinheiro e Sintra. Toda a grandiosidade do Monumento e a excelência dos materiais, são o resultado da riqueza e fausto que Portugal vivia nessa época, devido ao ouro do Brasil.

As Torres são o grande ornamento da fachada do Templo e em cada uma há cinquenta e sete sinos de diferentes dimensões. A Real Obra de Mafra dirigida por João Frederico Ludovici, foi a maior Fábrica Arquitectónica de setecentos e a primeira Escola Nacional de Belas Artes.

São dessa época, entre outros os notáveis mestres nacionais, escultores José de Almeida e Manuel Dias, o pintor Francisco Vieira Lusitano e o arquitecto Eugênio dos Santos que deixaram o seu nome indissoluvelmente ligado ao Monumento.

Por volta de 1754, reinado de D. José I, foi criada a Escola de Escultura de Mafra sob direcção do Mestre Italiano Alessandro Giusti e onde se formou o genial escultor Português Machado de Castro.

O Real Convento foi inicialmente habitado por franciscanos, substituídos em 1771 pelos cónegos regrantes de Stº Agostinho que nele permaneceram cerca de 20 anos, findo os quais voltou a ser ocupado pelos irmãos de São Francisco, até 1834.

Considerado sempre como residência de Verão, o Palácio Nacional de Mafra apenas foi habitado permanentemente no reinado de D. João VI, período em que atingiu o máximo esplendor. Os salões foram objecto de grandes beneficiações e diversas pinturas murais, apresentando-se ricamente atapetados e repletos de valioso mobiliário e outras preciosidades artísticas.

Por altura das invasões francesas a Família Real retirou-se para o Brasil, tendo levado consigo a maioria das colecções artísticas do Paço de Mafra. No Convento ficaram, nessa altura, apenas 20 frades, tendo o Palácio sido ocupado pelas tropas de Junot em 1807 e um ano mais tarde pelo exército Inglês que aí permaneceram até 1828.

A extinção das ordens religiosas, em 1834, leva os franciscanos a abandonar definitivamente as instalações do convento.

Com a implantação da República, o antigo Paço Real passou a denominar-se Palácio Nacional. O Paço Real serviu, pela última vez, de guarida a D. Manuel II, na sua derradeira noite, antes do exílio.

Desde 1841o Convento é habitado pelos militares que o têm conservado, não apenas nas áreas que ocupam, como têm sido eles também factor importante na conservação global do monumento, em colaboração com as restantes entidades.


PLANTAS DO EDIFÍCIO

Em 1827, Amândio José Henriques fez o levantamento das plantas do edifício conjuntamente com a obra de Frei João de Santana (Real Edifício Mafrense visto por fora e por dentro - Mafra 1828 - Manuscrito da Biblioteca do Palácio Nacional de Mafra). Essas plantas foram copiadas e restauradas, de forma a ficarem legíveis...



Curiosidades

Ratos gigantes e túneis

Muitas são as lendas acerca do Palácio de Mafra.
A mais popular é a da existência de ratazanas enormes capazes de comer pessoas. Embora os subterrâneos do Palácio tenham sido explorados e não tenham dado mostras de ser habitados por ratazanas invulgares para aquela zona de esgotos.
Um túnel que ligaria o Convento de Mafra à Ericeira e por onde teria escapado o rei D. Manuel II ao exílio também pertence ao imaginário. Embora exista, o túnel não passa da Vila de Mafra, tendo sido construído para escoar os esgotos do Palácio.

A Caranguejola

D. Maria Pia, visitava frequentemente o Palácio de Mafra, tendo mandado construir um elevador com acesso do rés-do-chão ao terceiro piso. Considerado o primeiro em Portugal, podia transportar até dez pessoas e ao qual comummente se apelidava de “ caranguejola”

Os Carrilhões

Têm em conjunto 92 sinos e pesam cerca de 217 toneladas.
Foram encomendados por D. João V e são considerados entre os melhores do mundo. Tocam valsas e contradanças.
A forte ligação do palácio à música mantém-se até hoje.

Morcegos

A existência de morcegos na Biblioteca chama a atenção dos visitantes, tanto mais que estes contribuem para a conservação dos livros.

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